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A IA está transformando a triagem de emergências veterinárias, permitindo identificar casos críticos em segundos e apoiar decisões clínicas em tempo real.

Inteligência Artificial na Triagem de Emergências Veterinárias: tecnologia salvando minutos que salvam vidas

Autores:

Abílio Rigueira Domingos – CRMV MG 7365
Gustavo de Castro Bregunci – CRMV MG 7160

Subtítulo:

Ferramentas de Inteligência Artificial estão sendo aplicadas na triagem de emergências veterinárias para priorizar casos graves, reduzir o tempo de espera e apoiar decisões clínicas em tempo real.

Quando segundos fazem diferença

Em hospitais e clínicas veterinárias de alta demanda, o primeiro atendimento é decisivo.

Saber rapidamente se um paciente precisa de atenção imediata pode ser a diferença entre estabilizar um quadro grave ou perder um animal.

Tradicionalmente, essa triagem depende da observação e experiência do profissional na recepção ou enfermagem.

Mas a subjetividade e a alta rotatividade das equipes podem gerar variações de julgamento.

É nesse ponto que a Inteligência Artificial (IA) vem se tornando uma aliada poderosa, oferecendo análises rápidas, padronizadas e baseadas em dados clínicos objetivos [1].

Como a IA ajuda na triagem

Os sistemas de IA voltados à triagem funcionam a partir da coleta de sinais vitais e dados clínicos básicos, como temperatura, frequência cardíaca e respiratória, saturação de oxigênio, tempo de perfusão capilar e nível de consciência.

Essas informações são processadas por algoritmos de aprendizado de máquina, que comparam os dados do paciente com milhares de registros anteriores.

Com isso, o sistema é capaz de:

  • Classificar automaticamente o nível de urgência (em categorias como leve, moderado, grave e crítico);
  • Sugerir protocolos de atendimento prioritário, de acordo com o risco clínico;
  • Emitir alertas em tempo real para a equipe de plantão;
  • Apoiar decisões rápidas, especialmente em ambientes com múltiplos atendimentos simultâneos.

Os modelos mais avançados utilizam redes neurais artificiais, capazes de reconhecer padrões complexos e prever a probabilidade de evolução desfavorável em minutos.

Resultados e experiências práticas

Pesquisas recentes demonstram resultados promissores.

Um estudo publicado na Frontiers in Veterinary Science em 2024 analisou o desempenho de um modelo de IA para prever mortalidade em cães atendidos em emergências, com base em variáveis rotineiras.

O sistema alcançou acurácia superior a 90% na identificação de pacientes críticos, mostrando-se comparável à avaliação feita por especialistas [2].

Outro trabalho, conduzido por pesquisadores australianos, mostrou que algoritmos de classificação automatizada reduziram o tempo médio de espera em 27% e diminuíram em 34% os casos subtriados — ou seja, pacientes graves classificados erroneamente como leves [3].

Na prática, a IA tem se mostrado especialmente útil para hospitais universitários, clínicas 24h e serviços públicos, onde o fluxo de atendimento é intenso e a priorização precisa ser objetiva e rápida.

Benefícios diretos para a rotina clínica

O uso da IA na triagem traz impactos imediatos:

  • Agilidade: o tempo gasto entre a chegada e o primeiro atendimento reduz consideravelmente;
  • Padronização: decisões menos dependentes de variações individuais;
  • Segurança: menor risco de erros na classificação de risco;
  • Eficiência operacional: melhor alocação da equipe e dos recursos;
  • Suporte à decisão: o veterinário ganha uma ferramenta de análise complementar, que reforça — e não substitui — sua avaliação.

Em um ambiente de emergência, onde cada minuto importa, o ganho de previsibilidade e precisão é um avanço real na medicina veterinária.

Limites e cuidados éticos

Apesar das vantagens, é essencial lembrar que a IA não faz diagnóstico e nem assume responsabilidades clínicas.

O algoritmo apenas auxilia o raciocínio médico, oferecendo subsídios baseados em padrões estatísticos.

O julgamento final e as condutas terapêuticas continuam sendo atribuições exclusivas do médico-veterinário.

Também é importante que esses sistemas passem por validação científica antes de uso clínico, considerando variações de espécie, porte, raça e condições regionais.

Além disso, os dados coletados devem respeitar as diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), garantindo segurança e anonimização das informações.

O futuro da triagem veterinária inteligente

A tendência é que os softwares de gestão hospitalar incorporem módulos de triagem automatizada nos próximos anos.

A integração entre IA e prontuários eletrônicos permitirá que clínicas identifiquem picos de demanda, monitorem indicadores e até prevejam emergências sazonais, como surtos respiratórios ou casos de intoxicação alimentar.

Com o avanço da tecnologia, a triagem inteligente deve se tornar parte do fluxo padrão das emergências veterinárias, transformando dados em decisões rápidas e assertivas.

Conclusão

A Inteligência Artificial está mudando a forma como clínicas e hospitais veterinários lidam com o primeiro contato de um paciente em risco.

Mais do que velocidade, ela oferece precisão, consistência e apoio clínico em momentos críticos.

Com ética, validação e supervisão profissional, a IA tem potencial para redefinir o conceito de atendimento emergencial — tornando-o mais humano, eficiente e orientado por evidências.

Referências

  1. GOMEZ-CABELLO, C. A. et al. Artificial-Intelligence-Based Clinical Decision Support Systems in Primary Care: A Scoping Review of Current Clinical Implementations. European Journal of Investigation in Health, Psychology and Education, v. 14, n. 3, p. 685–698, 2024.
  2. PEREIRA, D. M. et al. Machine Learning Models for Predicting Mortality in Canine Emergency Patients. Frontiers in Veterinary Science, v. 11, p. 1395934, 2024.
  3. KHATKAR, M. S.; HERNANDEZ, J. A.; TAYLOR, M. Automated Triage and Risk Prediction Systems in Veterinary Emergency Medicine. Veterinary Sciences, v. 12, n. 1, p. 48–59, 2025.
  4. FELDMAN, M. J. et al. Dedicated AI Expert System vs Generative AI With Large Language Model for Clinical Diagnoses. JAMA Network Open, v. 8, n. 5, e2512994, 2025.
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