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A Inteligência Artificial está transformando a análise de radiografias e ultrassons na Medicina Veterinária. Com algoritmos avançados, a IA auxilia o veterinário a identificar alterações sutis e aprimorar a precisão diagnóstica.

Inteligência Artificial na Interpretação de Radiografias e Ultrassons Veterinários: precisão que amplia o olhar clínico

Autores:
Abílio Rigueira Domingos – CRMV MG 7365
Gustavo de Castro Bregunci – CRMV MG 7160

Subtítulo:

Ferramentas baseadas em Inteligência Artificial estão auxiliando médicos-veterinários na análise de exames de imagem, oferecendo diagnósticos mais rápidos, precisos e padronizados.

Um novo olhar sobre as imagens veterinárias

A radiologia e a ultrassonografia são pilares da Medicina Veterinária moderna, fundamentais para o diagnóstico de doenças cardíacas, respiratórias, ortopédicas e abdominais.

Nos últimos anos, a Inteligência Artificial (IA) passou a atuar como uma aliada estratégica nessa rotina, transformando a maneira como os exames são interpretados.

Em vez de substituir o veterinário, a IA funciona como um segundo par de olhos altamente treinado.

Esses sistemas aprendem a reconhecer padrões em milhares de radiografias e ultrassons previamente laudados por especialistas, sendo capazes de identificar alterações sutis que podem passar despercebidas na avaliação humana.

Como a IA analisa radiografias e ultrassons

Os algoritmos utilizados são alimentados com grandes bancos de imagens.

Durante o treinamento, eles aprendem a diferenciar o que é normal do que é patológico — por exemplo, um pulmão saudável em comparação a um com pneumonia, ou um fígado com textura normal frente a um com sinais de doença hepática difusa.

Nos sistemas mais avançados, como os baseados em redes neurais convolucionais (CNNs), a IA faz uma leitura detalhada de cada pixel da imagem, medindo densidades, formatos e variações de brilho.

Com isso, consegue detectar anormalidades microscópicas, calcular medidas anatômicas e até gerar relatórios preliminares de achados radiográficos ou ultrassonográficos.

Algumas ferramentas já disponíveis no mercado veterinário conseguem:

  • Medir automaticamente o tamanho cardíaco (índice de cardiomegalia) em radiografias torácicas;
  • Reconhecer padrões pulmonares indicativos de pneumonia, edema ou neoplasia;
  • Classificar fraturas ósseas e alterações articulares em exames ortopédicos;
  • Avaliar o fígado, rins e baço em ultrassons, identificando texturas associadas a inflamações, degenerações ou neoplasias.

Resultados e avanços recentes

Estudos recentes confirmam o potencial dessa tecnologia.

Pesquisadores coreanos alcançaram acurácia superior a 90% na detecção de doenças hepáticas em cães por ultrassonografia utilizando IA [1].

Outro grupo europeu comparou o desempenho de um software de IA com o de radiologistas veterinários experientes e observou que o sistema errou menos na detecção de lesões torácicas primárias [2].

Em avaliações cardíacas, algoritmos de aprendizado profundo mostraram capacidade de detectar cardiomegalia canina com mais de 85% de precisão, medindo automaticamente estruturas do coração [3].

Esses resultados demonstram que a IA não substitui o raciocínio clínico — mas amplia a capacidade diagnóstica do profissional, oferecendo análises rápidas, consistentes e livres de fadiga.

Limites e cuidados necessários

Apesar dos benefícios, o uso da IA em diagnóstico por imagem deve ser acompanhado de validação científica e supervisão veterinária constante.

Os algoritmos ainda precisam ser testados em diferentes raças, portes e equipamentos, pois pequenas variações nos parâmetros de imagem podem afetar o desempenho.

Além disso, a interpretação clínica continua sendo insubstituível: somente o médico-veterinário pode correlacionar os achados radiológicos com histórico, exame físico e sintomas.

A IA é uma ferramenta de apoio — nunca um substituto da análise profissional.

O futuro das imagens inteligentes

Nos próximos anos, veremos a IA integrada de forma nativa aos sistemas de radiologia digital e ultrassonografia.

Ela permitirá criar bancos de dados compartilhados entre clínicas, comparar achados em tempo real e até sugerir condutas baseadas em protocolos atualizados.

Com isso, o papel do veterinário será cada vez mais o de interpretar com contexto e empatia, utilizando a IA como uma parceira silenciosa que amplia a precisão diagnóstica e libera tempo para o cuidado direto com o paciente.

Conclusão

A Inteligência Artificial está redefinindo o diagnóstico por imagem na Medicina Veterinária.

De radiografias torácicas a ultrassons abdominais, a tecnologia já prova sua utilidade na triagem, análise e padronização de laudos.

Usada com responsabilidade e supervisão, a IA não substitui o olhar clínico — mas o torna ainda mais apurado e eficiente, aproximando a veterinária da excelência diagnóstica observada nos maiores centros de saúde humana.

Referências

  1. KIM, H. E. et al. Use of transfer learning to detect diffuse degenerative hepatic diseases from ultrasound images in dogs: A methodological study. Vet Radiol Ultrasound, v. 59, p. 52–61, 2018. DOI: 10.1016/j.tvjl.2018.05.009.
  2. BOISSADY, E.; DE LA COMBLE, A.; ZHU, X.; HESPEL, A.-M. Artificial intelligence evaluating primary thoracic lesions has an overall lower error rate compared to veterinarians. Vet Radiol Ultrasound, v. 61, p. 619–627, 2020. DOI: 10.1111/vru.12912.
  3. JEONG, Y.; SUNG, J. An automated deep learning method and novel cardiac index to detect canine cardiomegaly from simple radiography. Scientific Reports, v. 12, 14494, 2022. DOI: 10.1038/s41598-022-18822-4.
  4. XIAO, S. et al. Review of Applications of Deep Learning in Veterinary Diagnostics and Animal Health. Frontiers in Veterinary Science, v. 12, p. 1511522, 2025. DOI: 10.3389/fvets.2025.1511522.
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